quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Aposentado vira estrela no trote da ECA-USP


O engenheiro civil aposentado Antonio Wagner Coraça virou uma pequena sensação entre os veteranos da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). A pintura do trote, no caso de "Seu Wagner", aprovado em artes visuais na Fuvest aos 60 anos, começou de forma mais cerimoniosa do que com os calouros recém-formados no ensino médio.
Antonio Wagner Coraça posa para fotos com as veteranas da ECA-USP (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)Antonio Wagner Coraça posa para fotos com as veteranas da ECA-USP (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)


Ao sair da matrícula, no prédio em que terá aulas, ele recebeu pinturas no rosto de veteranos do seu curso. Mas, quando chegou ao centro da festa, onde a comissão de recepção de calouros dava as boas vindas aos ingressantes, ele foi reconhecido pelos estudantes que haviam lido sua história.

Depois de exercer a engenharia civil por 40 anos, Coraça decidiu estudar artes. Ao se aposentar, ele fez um ano de cursinho e conseguiu a aprovação na ECA.

"A gente estava esperando o senhor, é um prazer enorme te receber", afirmou a primeira veterana a abordar o novo calouro. Ela apenas se atreveu a jogar confetes nos - até então - cabelos limpos.

Coraça contou à jovem estudante de jornalismo o que o motivou a mudar de profissão após a aposentadoria. "Um dia você vai perceber isso. Espero que não aconteça com você como aconteceu comigo.

 Quanto mais você ascende profissionalmente, menos você exerce a sua real profissão. Chegou um determinado momento em que engenharia era o que eu menos fazia", explicou.


Antonio Wagner Coraça comemora matrícula na USP (Foto: Flavio Moraes/G1)
'Seu Wagner' comemora matrícula na USP
(Foto: Flavio Moraes/G1)


Ele disse que não renegou sua carreira e que até hoje atua como consultor, mas afirmou que decidiu aproveitar o fim de seu ciclo para se aventurar em um mundo não tão novo - segundo Coraça, suas filhas e outras parentes trabalham com design, artes e música.

O novo calouro admitiu que a nova carreira não será abordada com o mesmo impulso de jovens tentando se estabalecer no mercado de trabalho, mas discordou de quem acha que ele vai levar o curso de artes visuais como uma atividade qualquer. "Não é um hobby."

Enquanto contava sua história à nova colega ecana, o senhor com um discreto "ECA" escrito na bochecha começou a ser cercado por veteranos com os dedos cheios de tinta e a idade deixou espaço para a tradição.

Em poucos minutos, a camiseta preta levava a palavra "bixo", o rosto ganhou barba e bigode, e os cabelos escuros escaparam à tesoura, mas foram cobertos por tinta branca. "Agora sim, 'Seu Wagner'!", comemoraram os anfitriões da festa, que depois posaram para fotos com o experiente calouro.

G1

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