domingo, 29 de janeiro de 2012

FHC decreta o fim de Serra

Nela, FHC rompe com limitações emocionais, reconcilia-se com sua biografia e ajuda a salvar o que resta do PSDB: rompe politicamente com José Serra, através de um diagnóstico duro:
  • O PSDB perdeu as eleições de 2010 devido a erros primários na campanha.
  • Esses erros foram de responsabilidade exclusiva de José Serra, por seu individualismo, arrogância e pelos conflitos que criou dentro do próprio partido.
  • Aécio Neves é o candidato natural do PSDB nas próximas eleições. Serra não tem possibilidade de vitória.
A terça-feira foi dos piores dias da vida de Serra. Contrariando seus hábitos – de dormir tarde e levantar tarde – antes das 7 da manhã estava no Twitter – o sistema de mensagens curtas da Internet. Mandou uma mensagem insossa: “É a primeira vez que entro para dizer BOM DIA A TODOS”. Alguns minutos depois, outra mensagem, desta vez com críticas ao governo Dilma. Depois sumiu, contrariando seu padrão de atuação.
Ontem à tarde houve evento na prefeitura de São Paulo. No palco principal, o prefeito Gilberto Kassab, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente FHC em demonstrações explícitas de civilidade política. Serra, na plateia, passando despercebido.
É preciso entender melhor as relações históricas entre FHC e Serra para avaliar o peso das declarações de FHC.
Ambos conviveram no exílio. FHC sempre foi um bom conhecedor de pessoas e considerava Serra por demais voluntarista, personalista, autoritário e arrogante. Foi esse o motivo para quase tê-lo deixado de fora na montagem do seu ministério, em dezembro de 1994.
Agora, o PSDB fica livre para se reconstruir. (Foto de Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Por outro lado, Serra tornou-se muito próximo a dona Ruth, quase um filho problemático sendo orientado por ela. Essa aproximação logrou quebrar resistências de FHC que se tornou o grande avalista de Serra, o único aliás.
Foi graças a esse apoio que, depois de perder as eleições para prefeito de São Paulo, Serra foi nomeado Ministro da Saúde, depois de uma atuação medíocre como Ministro do Planejamento. Na Saúde, ganhou cacife político com uma gestão corajosa.
A fraqueza emocional de FHC – bancando a candidatura de Serra – foi fatal para o PSDB e quase fatal para o país. Tivesse sido eleito, em lugar de uma reunião política civilizada – como a que ocorreu ontem na prefeitura de São Paulo – ter-se-ia um país em pé de guerra.
Vários fatos contribuíram para que FHC revisse definitivamente seu julgamento sobre Serra.
A gota d’água foi o livro de Amaury Ribeiro Jr., “A Privataria Tucana” – um nome inadequado para um livro que revela sinais de corrupção especificamente em Serra, não no partido.
A primeira reação de FHC foi vir a público deblaterar contra o livro, que comparou ao famoso “Dossiê Cayman” – uma patacoada criada por partidários de Paulo Maluf com acusações inverossímeis contra FHC, Covas, Motta e o próprio Serra.
Depois, leu o livro. Informações que circularam semanas atrás davam conta de que ficou escandalizado com o que leu.
Agora, o PSDB fica livre para se reconstruir.

Publicado no Luis Nassif Online

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